Não, a Bíblia não é tão simples quanto se imagina.
A leitura superficial pode gerar muita tortura psicológica nos
ouvintes da fé. Decerto, a fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus.
Entendo que falar sobre o que se quer sem entender é mais rápido, prático e
que dá prazer ao fundamentalismo religioso. Todavia, o povo segue
morrendo por lhe faltar o conhecimento e por lhe furtarem a possibilidade de um profundo conhecimento. O povo perece ouvindo a "pavra de Deus" na boca de gente que antes
ouviu de si mesmo, de si mesmo, de si mesmo e de toda a tradição que
também ouvira de si mesma.
Se fosse Paulo diria: "Rogo-vos, pois, irmãos, que atentei para um
melhor exame das Escrituras." Amar a Bíblia nada tem que ver com uma
leitura banalizada com a ótica da espiritualidade vigente, mas sim, aproximar-se
de uma realidade outra a fim de tentar ressignificá-la.
A bíblia não é totalmente hodierna. Há leis que já se foram, há
casos que não podem ser mais repetidos, nem posionamentos
político-religiosos aplicados de igual forma. O que deve permanecer
eternamente é o "Eu porém vos digo" de Jesus.
A salvação da religião na história deve estar disposta a proclamar:
"Eu porém vos digo". Acima de muito daquilo que fora dito, eu porém vos
digo!
Parafraseando meu chará, Nelson Rodrigues, toda a
religião será castigada, se não tiver a coragem de dizer o que
Jesus disse: "Eu porém vos digo".
Sempre haverá algo novo diante de um novo capítulo da história. Por isso, "Eu porém vos digo"!
Aquele que traz a mensagem da Bíblia sem antes ler o
jornal e observar os avanços das reflexões teológicas e de outras ciências, seria melhor que fosse surdo
para não ouvir o escandaloso Jesus: "Eu porém vos digo!".
Precisamos ir além. Vasculhar os buracos, ler as pedras dos caminhos, encarar a perturbação e sentir o hálito fresco da novidade que tão logo será envelhecida por um novo e vivificante sopro.
Portanto, prezados, cuidem da ferramenta de trabalho e de crença que têm nas mãos, pois dela vossa "alma" depende.
NA GRAÇA
LELLIS
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