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O Evangelho mal-cantado e os teólogos desafinados



Como podemos discernir (não definir - generalizar) a teologia de uma época? Um dos pontos é através de sua hinologia

Com Davi, temos os mais diversificados poemas da alma humana contados e cantados em festas (cosmogônicas ou não); com Paulo, escrevendo ao de Colossos, temos o Hino cristológico (1:15-20); com Lutero, à época da grande ruptura, temos o "Castelo Forte", etc.

E quando ouvimos (eu já nem ouço!) as tantas produções gospel da atualidade, nos deprimimos por pensar que uma teologia tão pobre e vazia de bom senso progride em dias nossos.

Sim, sim, há quem goste. O Evangelho também é estético (e muitas vezes, nessas canções, anti-ético), também se debruça sobre o que se chama de belo, i.e., gosto não se discute.

(Mas notem, não estamos tratando de gosto musical, a questão é mais séria do que pensamos.)

Há os que ainda tocam no altar; os que creem nas janelas dos céus se abrindo após a entrega dos dízimos; os que veem anjos voando em todo lugar; os que dão pra receber; os que lutam e têm vitória sabor de mel pra esfregar na cara do outro que Deus gosta dele e de ninguém mais; os que sobem em árvores como Zaqueu, mas que não aprenderam a devolver nem compartilhar; os que descem às águas como Naamã, mas continuam "leprosos"; os que vivem delirando com a batalha de anjos pra entregar resposta de oração, como ocorrera com Daniel, e, pensa: se assim foi com ele, será com todos nós.

Uma produção gigantesca de cd’s e dvd’s. Produtoras de porte internacional gravam bandas do meio cristão e de inúmeros cantores gospel. O fulano de tal que era cantor se converteu. Pois fique sabendo que no ano que vem, depois que ele se batizar, terá um cdzinho pra lançar e abençoar o povo de Deus. A gente sabe que ele vai comprar umas letras de outros cantores, também famosos, pra injetar no encarte letras que trabalham os "mistérios bíblicos". Com o tempo, o sujeito vai pegando o macete pra compor em evangeliquês.

A gente se esquece que a música tem um potencial gigantesco para o ensino. Ás vezes mais do que uma pregação. Pasmem! Basta perguntar qual o sermão do domingo passado ao membro da igreja. Ele não se lembrará. Mas pergunte-o sobre a música que “tocou” seu coração e se não souber o nome, cantará um pedacinho... "Nanana... o refrão é assim: tem sabor de mel..."

É por isso que deixo aqui esse desabafo já bem tarde e nada, nada de novo. O trabalho com a música na igreja não é simplesmente para quem gosta de música. Porque quem só gosta de música, enfiará goela abaixo as que tocam no rádio. Tem de ser gente inclinada a pensar bíblica e teologicamente, caso contrário, as igrejas continuarão a crescer, sendo muito bem apresentadas a um evangelho mal cantado.

Há pessoas que dizem que meu gosto é "desafinado" para nossa época. Sim, verdadeiramente. Também acho. Tenho impressão de que nasci em época errada. De todo caso, como já dizia Tom Jobim: "Quando eu vou cantar, você não deixa; E sempre vem a mesma queixa; diz que eu desafino, mas tua beleza também pode se enganar".

Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm o ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu


E saibam, pois, que os desafinados também têm um coração. Eles cantam bem o Evangelho, pois sabem o que é sofrer.

NA GRAÇA
LELLIS

Um comentário

Anônimo disse...

É o clichêzão gospel. Hehehe. Sempre incomodou.

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