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Comunicado sobre minhas críticas

Por causa do post Não quero ir para o céu (e tantos outros) algumas pessoas parabenizam-me por certa coragem. Amigos de outras religiões aplaudem os escândalos e minhas frustrações que tenho com os evangélicos, sobretudo os midiáticos. Sim, é verdade, a crítica é dura para alguns. E é dessa crítica que muitos se acaloram em elogios aos escritos sobre o tema.

Todavia, preciso dizer algumas coisas - que acho - necessárias.

1 – Não me alegro com elogios que estão determinados a apenas olharem o circo pegar fogo e para apontarem os erros sem que, com isso, os que elogiam, compreendam que nós todos fazemos parte desse negócio chamado religião. Estejamos lá ou cá, fazemos religião em todos os âmbitos da vida, fazemos Deus falar o que não fala, fazemos Deus desdizer o que é imutável, criamos campanhas, dias disso e daquilo, só pra satisfazer uma vontade divina que habita em nós. Portanto, não adianta bater nas costas e incentivar: “É isso mesmo, as pessoas precisam ouvir”, sem que nos coloquemos (em profundo arrependimento) como seres que servem a nós mesmos enquanto pensamos estar servindo a Deus no outro. Não tenho dúvidas de que a crítica é o que nos difere nos animais irracionais, por isso critico. Criticarei. E nem precisam questionar se eu mesmo me aponto como responsável por vários absurdos, pois me faço alvo de duras críticas.

2 – Não me entristeço, não perco o sono, não me deprimo com os que dizem que as coisas não são bem assim. A única coisa de que tenho a dizer é repetir as palavras do Cristo – quando ainda na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”, neste caso, “o que falam”, “o que pensam”, “o que veem”, ou “o que deixam de ver”. Há muita gente cega. Cega em todos os aspectos. (E vale lembrar que eu não enxergo nem a metade de tudo isso) Mas sobre o caso não posso tecer porque pode parecer subjetivo. Não estou caindo em mim mesmo, porque alguém poderá apontar minhas críticas como um ponto de vista, cheia de pressupostos e, por isso, não valeria nenhuma delas. Ora, mas é claro que minhas percepções são cheias de pressupostos. É por isso que tento observar o campo alheio, entrar no jogo dele, entender o mínimo da matriz, e só depois montar a crítica. Os que não aceitam meus posts sobre o tema é porque entraram no jogo e, sem nenhuma vergonha dizem que “o que importa é o que o Evangelho está sendo pregado”. Pelo amor de Deus!, que Evangelho? Se alguém disser que existem mais evangelhos canônicos (não no sentido pejorativo) e garante que cada um pode interpretar do jeito que quer, tudo bem, então eu paro. Mas até lá, paciência.

3 – Os“evangélicos” estão em minha mesa porque diante de mim se colocam todos os dias; diante deles me coloco todos os dias. Estou, de certa forma, no meio. Não em participação, mas estatisticamente. Então, caberia aqui uma proposta mais do que religiosa, é curativa e abre portas para o amadurecimento enquanto gente: aprendamos a enxergar nossa(s) religião(ões), nossa denominação não como instituição única de Deus. Aprendamos a nos criticar, a olhar para o nosso sistema, para o lado como se houvesse chances de desconstruir meio mundo que fora inventado só pra dizer que “somos os únicos”. Do lado cristão: “um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos. E por todos e em todos vós” (Ef. 4:6). Aprendamos a cuspir a comida amarga e não deixemos a vergonha corar o rosto ao questionarmos “quem disse que é assim?”, porque sempre terá dedo humano nisso e a gente precisa de respostas. Não as respostas conclusivas ou que entram no lugar de outros mitos e acertos políticos (o que o papa disser está dito; o que o pastor disse, é lei) – como Igreja e Estado –, mas no sentido de resposta buscada intensificadamente até sair um “eu não sei” para que, enfim, possamos tirar os tapetes de um absolutismo arrogante e quebrar a hierarquia sacra que fora empedernida pela própria desfaçatez humana.

Meu apelo, primeiramente, é para uma iconoclastia interna. Quebre todas as imagens construídas e constituídas por homens. Só depois e, assim, terá condições de “apontar” as tantas imagens construídas pela religiosidade que tem feito mal às pessoas. E esse é justamente o ponto. O ponto em que atingem negativamente às pessoas. Porque se fosse simplesmente uma religiosidade que só navegasse por mares insanos e vazios, vá lá, eu os deixaria em paz, mas quando se inicia um processo de atingir o outro indelicadamente, abro a boca e os marimbondos saem. Atingem quem deve atingir. São dores fortíssimas, mas a dor é uma dádiva quando a gente entende que só dela tem o poder de nos dizer onde necessita tratamento.

Meu intuito é presunçoso, eu sei, mas quero causar dores em meio aos apontamentos críticos a fim de que eu, principalmente, entenda aonde deve ser tratado.

Espero, sinceramente, que aprendamos a lidar com os sérios questionamentos em nossos espaços religiosos. Espero que SABIAMENTE estejamos nos confrontando sobre uma verdadeira conversão - não ao sistema - mas à liberdade de podermos ter em meio a tantas armadilhas.

NA GRAÇA
LELLIS

Um comentário

Unknown disse...

Somente a dor nos diz onde precisa de tratamento...grande verdade!Adorei o texto.Que Deus nos abençoe nessa árdua jornada.Vc faz falta conosco, vê se aparece.Abraço Nelsim

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