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Não quero ir para o céu

A cada vez que ouço uma nova notícia do mundo evangélico, fico assustando. O poder que líderes evangélicos possuem de transtornar pessoas é incrível. Esse pessoal tem realmente causado rebuliço no mundo. Hoje tenho vergonha de ser reconhecido como "evangélico". Digo que sou porque ainda não encontramos outra forma de nos apresentar. Mas juro que estou pensando sobre isso. Minha cunhada me chamou pra assistir a um vídeo na internet e disse: "Você que é evangélico, veja esse pastor"... Eu respondi, antes de assistir: "Que medo!" Poderia ter dito a ela: "Eu não sou crente", só pra não ser indelicado e dizer que aquele do vídeo não o era. Não o era não porque não o era, de fato. Não é e não é e ponto.

Imagino a violência religiosa causada quando um evangélico encontra um diferente. Tudo aquilo que não pretende ao outro, faz. Ele prega o amor, mas odeia. Fala da paz, mas não há um dia sequer que não erga a bandeira declarando inimizade ao que não crê da mesma forma. Evangeliza dando sua própria vida e não ouve atentamente o que o outro quer lhe falar. Critica até as últimas consequências o catolicismo por crer que “fora da igreja não há salvação”. Ah, e não é isso que revela a grande maioria das igrejas evangélicas?

É o templo, o prédio, a denominação, a camiseta, o crachá que ainda manda, meus caros. Não nos enganemos.
Certo dia, uma mãe veio pedir conselhos: “O pastor da igreja disse que se eu não voltar pra lá, minha filha (de 5 anos) continuará com o mal no corpo dela”.

Fiquei sem paciência para explicar essa situação, mas ela entendeu minha ira. Se pequei, não sei, mas que irei, irei.

As igrejas estão sendo verdadeiros calabouços, onde seus membros não podem mais ir e vir. São inconstitucionais. Creem nas leis do país (e também nas de Deus) só para os direitos, não para os deveres. Os pedacinhos do céu estão sendo colocados à venda nas vitrines eclesiais. Mas tem de ser lá. Se não for lá não rola, não sobe, não há eternidade, não há céu. "Aprendemos" isso com o catolicismo em seus tempos trágicos, não?

Sacralizaram o "lugar". Na verdade, nunca o foi dessacralizado. O véu foi recosturado. E ainda que esteja podre, o véu tem que ser exposto. Dizem que o dono da igreja é Deus; sei não. O que vejo é que tentam ser donos dela e, inclusive, de Deus. 

Enquanto tentam colocar a coleira no divino, declaram seus poderes de jejuns e orações fortes, bem como suas funções quase celestiais inigualáveis. Pra isso, haja segurança pra salvar o sujeito! Mas tudo tem de ser lá, com muito brilho, muita pompa e sempre uma musiquinha de fundo.

A denominação que mais fizer milagres e sinais, esta sim, que será um modelo fiel da carruagem com destino para o céu.

É por isso que me despi desse sonho de ir para o céu. Eu não quero o céu. Se alguém quiser me vender o céu, abro mão. Se algum líder quiser que eu vá pra sua igreja – e tem de ser nesta igreja – pra ir pro céu, eu digo que desisti.

Eu não quero um céu assim. Eu não quero céu. O céu é uma construção. E construção por construção, quero apenas manter meu relacionamento com Jesus e com seus ensinamentos sobre a vida. Vida aqui na terra. Com o outro. Depois da morte, meu desejo é tão somente encontrá-lo. Não precisa ser no céu... neste céu cuja denominação tem preeminência. Pode ser um encontro. Um encontro eterno. Esse é o lugar que quero construir. Um lugar eterno com ele.

Dá licença, é minha construção.

NA GRAÇA
LELLIS

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