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“Tevilah” (Imersão) - O Batismo e o Reino de João e de Jesus

εγω μεν εβαπτισα υμας εν υδατι αυτος δε βαπτισει υμας εν πνευματι αγιω

“Eu batizei a vós com água, ele² mas¹ batizará a vós com (o) Espírito Santo.” (Marcos 1:8 - Textus Receptus)
O evangelho de Marcos se nos é aberto com a figura excêntrica de João, o Batista. Que imagem! Toda a província da Judeia e de Jerusalém afluía para o deserto desejando ouvi-lo. O discurso sobre o Reino de Deus – nova teocracia? – que se aproxima eleva o tema arrependimento como fator determinante tanto para “atraí-lo” como para recebê-lo.

O “batismo com água” era alvo de João para todos os conversos, chamados ger (heb. "estrangeiros" ou "convertidos ao judaísmo", no moderno). Anunciava veementemente aos que seguiam a procissão: “Há alguém mais forte que eu. Não sou digno de desatar-lhe as sandálias. Eu batizei a vós com água, mas ele batizará a vós com o Espírito Santo”.

Sirvo-me deste texto a fim de pensar sobre a multidão que confessava seus pecados no deserto para ser “batizada com água” e que caminhava vislumbrando a tal promessa de alguém que batizaria com (o) Espírito Santo.

João, o imersor, na realidade estava conscientizando o povo da necessidade de se arrependerem dos seus pecados e fazerem a teshuvah (retorno ao Eterno). O tevilah (batismo com água) era tanto para as mulheres – purificação após o ciclo menstrual e o parto – como para os homens – antes de se casarem, ou sempre que necessário (como consagração a algum ministério).

No micvê (local da purificação/batismo), todos deveriam se despir. Entravam nas águas (deveria ser “água viva”, como em rios, águas da chuva em reservatório, mares), tiravam suas roupas para terem total contato e saírem purificados. (Tudo isso indica que Jesus seguiu as mesmas regras) Os lugares construídos – como os reservatórios ou os modernos – são chamados de micvaot (mas é obrigatório o contato com a terra).

E lá estava nossa personagem, convocando o povo ao retorno da purificação. Nada de um batismo com a consciência cristã, como as igrejas construíriam posteriormente. Era um ritual que muitos não praticavam há tempos. João, como homem que fora trazido para a comunidade dos essênios (os essênios sempre praticavam o Tevilah, na maioria das vezes banhando-se em dois momentos ao dia próximo ao Mar Morto), passa a ser este que comove seus coevos ao retorno, ao arrependimento (teshuvah).

E Jesus entra na fila. É batizado. Não há nenhuma preocupação em discorrer sobre sua imaculada posição enquanto homem-divino ou divino-homem, visto que a própria mãe o levou quando bebê a fim de purificá-lo, consagrá-lo, apresentá-lo (Lc 2:22-24). Jesus passa pelo tevilah como um bom judeu (será que por motivo de consagração por conta do início de seu ministério?, ou para ser identificado com[o] o povo judeu?...).

Conquanto, a promessa fora feita: o tevilah com o Espírito Santo seria feito por Jesus. Na nova teocracia (a vinda do Reino), Ruah (Espírito) faria parte da vida dos que vivessem em fidelidade e convertidos a D’us.

Note: a mensagem de Jesus seguirá na mesma cadência de João, embora em ambientes diferentes: levar os homens ao teshuvah, i.e., de volta ao Eterno. Todavia, o batismo de Jesus teria uma larga diferença: D’us viria aos homens. Deus faria parte constante com (no) o homem. Não posso afirmar que o ritual judaico do batismo foi deposto pelo Mestre, mas que o cristianismo ainda caminha judaizado, sim.

O batismo com (o) Espírito é o mais importante, na visão de João. Dá-se através do teshuvah. É Deus vindo ao encontro do homem. Permanecendo no homem e reinando politicamente. Mas um Reino que, para Jesus, não se pode identificar como está ali ou acolá, mas dentro do homem. Para João, é Deus vindo a fim de governar a vida e, sobretudo, a vida em sociedade com poder. Mas talvez, para Jesus, seja a consciência que deva reinar de que Deus está dentro de mim e dentro do outro e, desse discernimento (ético?), é gestada uma sociedade melhor.

NA GRAÇA
LELLIS

Pode ser mais: a imagem de um pai correndo para abraçar o filho que torna. E muito me parece que isso não é um rito, ou um ato de morto-vivo; é algo fora da água, isento do contato com a terra, bem longe do natural, é pra lá de mágico.

Um comentário

Morah Ma disse...

Embora não seja cristã, acredito que Jesus nunca tenha se dito sem mácula, e por isso, como um bom judeu cumpriu a mitsvá do micvê.

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