Sumio Takstsu, doutor em teologia pelo seminário de Virgínia, EUA, em participação no livro Religiosidade Popular e Misticismo no Brasil (São Paulo: Paulinas, 1984), discute as relações sobre o movimento carismático. Citando R. Quebedeaux, examina oito tópicos expressivos das esperanças dos novos evangélicos para as igrejas:
1. Interesse renovado pelas pessoas (e não apenas pelas almas) consideradas em sua totalidade.2. Maior envolvimento em questões sociais e políticas.3. Exame crítico da idolatria das igrejas pelo nacionalismo.4. Adoção de novas formas de culto.5. Abandono de julgamentos espirituais a respeito de usos e costumes como corte de cabelos, roupas.6. Nova mentalidade em matéria de envolvimento ecumênico.7. Envolvimento ousado e até mesmo perigoso nas revoluções de nossa época.8. Reavaliação dos valores da vida.
A leitura (feita por nós) da imagem divina é construída através da leitura anterior. Ou seja, somos uma igreja fruto de uma hermenêutica cultural e ética sobre Deus.
Deus anda amarrado pela via do pensamento cultural e ético. Deus deixou de ser aquele sagrado selvagem há tempos. Meus olhos foram abertos para essa questão. Esse Deus livre não é bem livre. O vento não sopra aonde quer exatamente. Ele sopra aonde a igreja acha que Ele deve soprar. Ele é aquilo que a igreja ou o discurso pastoral diz que é.
Por isso, acho que a esperança dos evangélicos de Quebedeaux (década de 80) e dos evangélicos de hoje não mudou tanto, apesar dos pesares. Ainda é válida, pois ao menos tenta retirar - por um pouco de tempo - os olhos de um Deus construído a fim de assistir ao ser humano com menos indignidade.
Mas se o jogo manda fazer uma leitura de Deus com lentes eclesiais ou estatais, Ele deixa de ser livre para amar, para odiar, para escolher (...).
Uma boa saída é lermos a Bíblia com a Constituição em mãos.
Pecaremos menos contra Deus quando errarmos menos com o ser humano.
É uma volta, eu sei, mas a leitura é honesta.
NA GRAÇA
LELLIS
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