
Javé é Rei de todo o universo [No céu (Sl 11:4; 103:19); na terra (Sl 47:3); no universo criado (Sl 93:1s; 95:3ss)], mas também sobre Israel (Jz 8:23; I Sm 8:7). Ele reina sobre todas as nações (Jr 10:7-10) e entre elas escolheu um povo (Ex 19:6) para manifestar o seu Reino. Javé reina sobre o mundo porque governa o seu curso e sobre os acontecimentos, porque os dirige e neles exerce o juízo, ele quer que, no seu povo, seu reinado seja reconhecido de modo efetivo pela observação de sua Lei por toda a criatura.
No Novo Testamento, o Reino faz-se presente na encarnação, ressurreição e exaltação de Jesus Cristo, e ainda está por chegar, a partir da Segunda Vinda.
Esta questão é crucial para o futuro do movimento evangélico. Temos muitas igrejas ditas evangélicas e muita gente dita evangélica. Parafraseando o apóstolo Paulo, quando disse que não é judeu que o é exteriormente, mas sim quem o é interiormente. O verdadeiro evangélico é aquele que tem uma experiência de conversão a Jesus, que foi perdoado por ele, tem certeza de sua salvação por ele, espera sua segunda vinda e tem certeza de morar para sempre com ele no céu. É aquele que crê que Jesus é o Senhor. Jesus Reina para sempre. E esta é a questão do senhorio e reinado: deve ser real e não retórica. Ser Rei não é ser padroeiro. No neopentecostalismo confunde-se o senhorio ou reinado de Cristo como um padroeiro.
O mundo jaz no maligno. A estrutura não pode ser modificada com “declarações” pela cidade de que Ele reina. A cidade onde Jesus será Senhor e Rei de direito e de fato é a Nova Jerusalém, que virá do céu para nossa habitação. Ele é o Senhor e Rei dos que creem nele, dos que o obedecem. De direito e de fato. Do mundo, ele é Rei de direito, mas o Maligno usurpa porque domina os incrédulos. Mas ao voltar, Jesus esmagará o mal em definitivo. É a tensão entre o já e o ainda não.
Jesus Cristo já inaugurou o reino de Deus, mas este ainda não se consumou. O mundo por vir, com sua transformação escatológica, já teve suas bases lançadas, mas ainda não chegou. Já somos filhos de Deus, temos bênçãos indescritíveis para nós reservadas, mas elas ainda não se manifestaram em sua totalidade porque ainda não entramos na plena liberdade dos filhos de Deus. Satanás já foi vencido, porque Jesus entrou em seus domínios e o amarrou, libertando-nos do seu poder e domínio, mas ainda não foi subjugado por completo. Pelo contrário, “O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar” (I Pe 5:8). (Coelho Filho, Isaltino. Os Sofrimentos do Messias e Sua Aplicação Para Nosso Tempo – Uma Avaliação da Teologia da Prosperidade, dissertação de mestrado, não publicada, p. 122)
Quando se enfatiza em demasia o ainda não, entramos num processo de derrota, de frustração, numa falta de perspectiva para o futuro. Pregar apenas o ainda não traz desânimo e transforma a fé cristã em algo distante. Produz até mesmo uma sensação de derrota. O derrotismo é incompatível com o caráter cristão.
Quando se enfatiza em demasia o já, entramos numa situação de triunfalismo infantil, de ingenuidade espiritual e de desconhecimento da realidade. Pensa-se que a perfeição já chegou, que o céu já foi trazido para a terra. Passa-se a viver em nível de artificialidade espiritual e de irrealidade teológica. Vê-se isto no triunfalismo moral, que ensina a impecabilidade do crente. Vê-se, no caso da teologia da prosperidade, que ensina o triunfalismo físico, a saúde perfeita e completa e a riqueza material. Que mostra uma vida de triunfo sobre todas as adversidades, em todos os momentos.
Nós vivemos no ainda não, cremos no já e esperamos por ele. Cristo já derrotou satanás, mas o mundo ainda jaz no maligno. Ele já nos libertou do poder das trevas, mas ainda pecamos. Já provamos os poderes celestiais, mas ainda vivemos neste mundo. O senhorio de Jesus já foi proclamado, mas ele ainda não submeteu tudo a seus pés. Em I Co 15:24-26, a cristologia mostra que o mundo se submeterá a Cristo no final dos tempos.
NA GRAÇA
LELLIS
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