
Leonhard Goppelt trata sobre a essência do Reino de Deus através de dois pontos:
1) As bem-aventuranças (Mt 5:3-12):
a) O Reino de Deus traz o consolo que afasta toda a dor. Quando Deus criou o homem, Ele o criou com três partes: vida física, vida mental e vida espiritual (I Ts 5:23; Hb 4:12). O Reino de Deus traz um estado de graça corporal e espiritual, isto é, um novo mundo sem carência e sofrimento, um mundo de paz e justiça (Ap 21:1-15).
b) O Reino vem por meio de uma ação de Deus no homem. É Deus quem consola; é Deus quem fartará os famintos. O Reino de Deus vem de maneira que o homem se torna participante da Sua comunhão. É entendido, desta maneira, porque Jesus pode falar de uma vinda presente do Reino, mesmo que a miséria e a morte continuem a existir. Jesus não estava ensinando que uma nova estrutura de mundo seria a partir da crença no Evangelho, mas sim, que um novo ser, uma nova criatura, existiria diante do mesmo mundo caído.
c) A dianteira do Reino foi através das atividades de Jesus. O fariseu cria que a primeira coisa era a exigência da lei, com a qual se tomava sobre si o jugo do domínio régio. Para todos era o juízo segundo a lei, a queda dos poderosos, a transformação do cosmos. Na verdade, o Reino de Deus tem poder para transformar tudo isso através de homens mudados e entregues ao Rei (Jesus) do Reino. A estrutura pode ser modificada como consequência de quem segue os passos de Cristo.
d) Jesus também se interessa pelo corpo e não somente pela questão espiritual. O evangelista Mateus aponta para as curas de Jesus (Mt 11:4s). Jesus se preocupava com o homem por inteiro. O Evangelho nos mostra o homem completo sendo tocado por Jesus.
2) O Pai Nosso (Mt 6:9-15):
As bem-aventuranças ensinavam sobre o Reino. O “Pai Nosso” ensina sobre como rogar pelo Reino.
a) O conteúdo do Reino. Aqui, Deus é aceito como Deus e não mais o egocentrismo, e sim, o teocentrismo . O participante do Reino não se preocupa com as coisas deste mundo, pois em sua consciência está clara a condição de dependência de Deus nas áreas física e espiritual.
b) A vinda do Reino. Jesus apresentou o “Pai Nosso” não como modelo de modificação das estruturas escatológicas, mas como meio de comunhão para se buscar o Reino (Mt 6:33) em primeiro lugar; ao contrário dos judeus, que possuíam uma cartilha de 18 preces, onde a oração pelo Reino se fazia na décima primeira.
c) Prece atendida. Cada prece do “Pai Nosso” tem o seu cumprimento naquilo que Jesus realiza agora. O Reino de Deus vem, mesmo que de forma provisória.
O discípulo, cujo coração esteja envolvido no Reino, reconhece que sua missão é fazer com que o mundo sinta o que é vinda de Cristo na terra. Ele é o sal e a luz do mundo. Poderia conjecturar que a essência do Reino de Deus na terra nos dias atuais é a Igreja – agente (ferramenta) transformadora no caos.
NA GRAÇA
LELLIS
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