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Bom Mestre - "Ágathon" Mestre



(Antes da mensagem, não deixe de ler o Evangelho de Marcos 10:17-27)

COPEIRO DO REI escreve...

A Palestina vivia tempos onde a liberdade era tudo o que se queria. As tropas romanas estavam em toda a parte. Os impostos eram cobrados indevidamente. O simples fato de um homem estar no caminho de um soldado romano era motivo de ser espancado. O momento máximo para os judeus era o sábado. Era o dia em que tinham total liberdade de culto. Iam para as sinagogas estudarem os textos sagrados ou para o templo sacrificarem, ofertarem para Deus. E por mais que toda essa liturgia estivesse mecanizada, o importante era focar na liberdade diante dos romanos.
A crise poderia estar em: estando eles "livres" no dia de sábado, será que não estavam escravizados ainda na religiosidade da lei?

Estamos diante de um homem (Jesus) cuja agenda é definida a partir do momento em que se põe os pés no chão. Ele não tem hora marcada com ninguém, não segue um mapa, não tem uma bússola ou GPS, não segue o sol ou a luz da lua. Ele caminha, e enquanto caminha as coisas vão acontecendo. Em uma dessas caminhadas, é parado por um líder judeu, entendido em leis, que se põe de joelhos, pedindo explicações sobre como poderia ir para o céu. E se podemos dizer que Jesus tem um momento que pára na caminhada é quando há um homem de joelhos clamando por saber sobre algo que não pode ser visto.

QUEM É BOM?
A tradução consagrada de ágathon para "Bem" delega a palavra um valor moral que não havia no pensamento grego. Ágathon significa: "aquilo que está apto a alguma coisa e que torna apto a alguma coisa". Ela é a Origem, a Causa, "permite a aparição da evidência da consistência do ser da coisa presente. Por esta doação do ágathon o ente é mantido no ser e, assim, salvo".

"A palavra traduzida bom em João 10:11, por exemplo, é καλός (Gr.: kalos), e tem a conotação de "beleza" ou "amabilidade". Em que sentido, portanto, é Jesus o 'belo pastor'? Raymond Brown e outros têm ressaltado que para o falantes do grego, kalos se referia a uma beleza ideal e perfeita. Daí, a tradução de Brown traz 'eu sou o pastor modelo'. Jesus está se descrevendo como o pastor ideal, modelo da qual outros pastores humanos devem se comprar". (Collegue Press New Testament Commentary).

A.T Robertson comenta:
"Note a repetição do artigo, o pastor, o bom. Isso assume a metáfora de João 10:2. A Vulgata traz “pastor bonus”. Filo chama seu bom pastor de agathos, mas kalos chama atenção para a beleza de caráter e serviço como 'bom mordomo' (I Pd 4:10), 'um bom ministro de Cristo Jesus' (I Tm 4:6). Ambos os adjetivos aparecem juntos no Grego antigo, como um vez no Novo Testamento (Lc 8:15). 'A beleza é a beleza que age'. Ou seja, kalos".(A.T. Robertson)

Vincent diz:
"O epíteto καλος, aplicado aqui ao pastor, aponta para a bondade essencial como nobremente realizada, aplicada ao respeito admirador e efetivo. Como Canon Westcott observa, 'no cumprimento de Suas obras, o Bom pastor clama a admiração de tudo que é generoso no homem'". (Vincent's Word Studies)

A melhor forma de apreciar o significado de καλός é contrastá-lo com αγαθος, que é a palavra grega mais comum para expressar a ideia de "bom". A palavra αγαθος se refere aquilo que é moral e praticamente belo; καλός não apenas denota o que é moral e praticamente bom, mas também ao que é esteticamente bom, amável e desejável aos olhos. Hort, comentando Tiago 2:7 disse que καλός é bom como visto, como impressionando diretamente tudo que entra em contato com ele – não apenas bom em resultado, que seria αγαθος. No relato da criação, quando Deus admira o mundo que havia feito, diz que Ele viu tudo era "bom" (Gn 1:8), a palavra usada é καλός.

Demonstrando a beleza da descrição pastoril de Jesus ao falar de si mesmo usando καλός, vemos o sentido do termo, uma vez que o pastor não cuida de suas ovelhas apenas de forma eficazmente fria, mas como amor sacrificial. Quando as ovelhas estão em perigo, o pastor arrisca sua própria vida para salvá-las das mãos de predadores ferozes. O pastor excelente é atrativo e heróico para suas ovelhas, visto que a serve não por dinheiro, mas por amor abnegado.

A ideia básica de καλός é a beleza com atrativo, e não entenderemos esse termo se não partirmos do amor. As obras de καλός são as que procedem de um coração onde o amor divino reina absolutamente. A magnitude do amor abstrato e oculto na alma se torna visível ao se materializar em uma bela obra de bondade.

Se esse jovem rico está chamando Jesus de Ágathon, significa que ele está reconhecendo que Ele é apto para que o nada se transforme em alguma coisa, que o perdido permaneça em segurança na salvação. É por isso que Jesus, como homem, remete esse Ágathon para Deus.
Deus é aquele que pode fazer com o impossível passe a ser possível.

OS MANDAMENTOS
Jesus apresenta seis dos dez mandamentos para aquele jovem: todos relacionados a pessoas. Ele não cita amar a Deus nem ao próximo como o resumo da Lei (Mc 12:30,31). Ele pega os mais brutais, os mais escandalosos e apresenta como porta para salvação.
Matar, adulterar, roubar, dar falso testemunho, cobiçar e respeitar os pais eram mandamentos cumpridos desde a meninice daquele jovem. Jamais cairia numa armadilha daquelas.

Para ele estava tudo em ordem, era isso mesmo que esperava: ser salvo por tudo aquilo que fizesse. Ser salvo pelo conjunto de regras da comunidade religiosa. Basta ter decorados os mandamentos, segui-los mecanicamente e está tudo certo. Basta ser membro de igreja, ter um certificado de batismo, trabalhar num ministério e toda noite pedir bênção para os pais.

É fácil quando achamos que podemos ter o controle da nossa salvação. É fácil pensarmos que somos salvos por aquilo que fazemos ou deixamos de fazer. É fácil acreditarmos que podemos comprar Deus e sermos abençoados com a nossa vida de bom moço. Segundo Ivênio dos Santos (livro: Alma Nua), só existem dois tipos de religião no mundo: a que crê que o homem é salvo por suas ações; e aquela que afirma que o homem é salvo pela ação de Cristo no Calvário.

Sempre que acharmos que a nossa salvação vem de nossos esforços ou daquilo que praticamos na religião, estará faltando alguma coisa.

FALTA UMA COISA
Jesus poderia ter-lhe dito: “Você está sendo deus sobre si mesmo, agora é hora de deixar Deus ser Deus sobre a sua vida para que possa herdar a vida eterna.” E com amor, Jesus o olha e diz: “venda tudo o que você tem e dê aos pobres”. O interessante é que esse jovem disse estar em dia com os mandamentos de Deus, justamente os mandamentos que se referia ao próximo, mas era incapaz de olhar para o próximo com amor sem ter nada. Jesus, como homem, não tinha nada e o olhou com amor; aquele jovem, possuidor de muitas riquezas, ao ouvir que precisava se esvaziar daquela dinheirama que o escravizava, saiu aborrecido, franziu o rosto.

Vida eterna é viver para sempre no céu e não aqui. "Porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração." (Mt 6:21). As riquezas deste mundo não podem ser comparadas com as ruas de ouro do céu. As riquezas deste mundo não podem ser comparadas com um lugar sem lágrimas, saudades, dores, morte, escuridão.
Quando Cristo diz: “Falta uma coisa”, está afirmando àquele jovem: “Se você deseja ir para o céu, não pode se apegar às coisas desta terra”.

Para seguir a Jesus é necessário se despojar daquilo que escraviza. Jesus liberta o homem sim, mas existem coisas que o próprio homem precisa se libertar. Assim aconteceu com Zaqueu. Ele mesmo decidiu dar a metade de suas riquezas aos pobres e ressarcir quatro vezes mais às pessoas roubadas por ele (Lc 19:8,9). Só então Jesus disse: “Hoje houve salvação nesta casa”.

Aquele líder judeu, jovem, inteligente, estava aguardando um libertador das causas políticas, externas, mas Jesus veio para libertar o homem de si mesmo, de seus próprios demônios e deuses.

A PORTA DO FURO DA AGULHA E A PORTA DAS OVELHAS
Os judeus tinham noções erradas sobre os ricos e os pobres. Inclinavam-se a pensar que a prosperidade era a prova máxima do favor divino e um símbolo das bênçãos de Deus; iam mesmo além em suas conjeturas, pois criam que era mais fácil a salvação para os ricos do que para os pobres. Cristo teve que desarraigar estas conclusões erradas, por isso O vemos antes deste incidente com o moço citar a parábola do Rico e Lázaro, onde o rico vai para a perdição e o pobre para a salvação. Longe de nós a conclusão simplista de que os ricos vão se perder, e de outro lado os pobres se salvarão. O ensinamento bíblico de acordo com esta passagem é este: É mais difícil para um rico ser salvo do que para um pobre. As riquezas podem ser perigosas para aqueles que as possuem.

A palavra camelo deve ser considerada literalmente, mas o fundo da agulha era uma pequena porta ao lado da porta principal de Jerusalém, pela qual um camelo passaria, após tirar-lhe a carga e, mesmo assim ajoelhado e aos empurrões. Ou seja, para que um homem passe pela porta é necessário retirar a carga e passar de joelhos. Libertar-se daquilo que escraviza e se achegar humilde.

Aquele homem começou a conversa de joelhos, mas terminou dando as costas para a Porta das Ovelhas.

QUEM PODE SER SALVO?
Ninguém pode ser salvo por si. É impossível ser salvo diante daquilo que somos e fizemos. O destino eterno não é o céu, mas o inferno. E o inferno é o máximo daquilo que desprezamos: frio, desconforto, solidão...

Mas o Deus Ágathon é apto para trazer o seu impossível para a maior das possibilidades: ser salvo e viver a eternidade no céu. O Deus do impossível não pode ser comprado nem agradado com a nossa justiça, mas pode ser recebido com a nossa liberdade de querer que esse mesmo Deus liberte-nos de nós mesmos, fazendo-nos seus.

NA GRAÇA, QUE ME LIBERTOU PARA SER LIVRE NELE
LELLIS

Um comentário

Cleinton disse...

Esse papo de "o destino eterno não é o céu, mas o inferno" me deixou com a pulga atrás da orelha. Sou universalista, você sabe. Essa sua tese o mostra como universalista também, mas num universalismo radicalmente oposto; o do inferno. Quem poderá ouví-lo? rsrsrs
Há braços...

liberdade, beleza e Graça...

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