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Teologia do AT - A Ação Libertadora de Javé


Traçar uma reflexão sobre os dois critérios teológicos do Antigo Testamento (Benignidade de Javé e a libertação humana; A soberania de Javé e a utopia da liberdade) é uma forma de refletirmos sobre a missão multidimensional e integral do povo de Deus na terra.
No primeiro critério – “Benignidade de Javé e a libertação humana” -, o livro do Êxodo é apontado como uma das chaves da leitura do AT numa visão internacional. Na teologia latino-americana o livro é lido de forma realística e conflitante. Nessa leitura, o prisma é de um evento histórico, social, concreto, não podendo ser espiritualizado ou reduzido a uma função tipológica sobre o evento da salvação de Cristo. Ainda dentro desse critério, alguns aspectos teológicos são abordados como base do AT, mais precisamente do livro de Êxodo, para a atuação missionária contemporânea. Como: Javé é um Deus que age milagrosamente nas lutas humanas por vida e liberdade (Ele não está alheio ao sofrimento humano, mas se compadece agindo sobrenaturalmente); Javé é o Deus dos hebreus (dos oprimidos, marginalizados, escravos); Javé é o Deus da Terra (o que levanta hebreus para uma nova terra com o objetivo de viver a liberdade prometida e se compadecer de outros “hebreus”); Javé é o Deus pessoal (que age em prol dos que clamam, e que têm um relacionamento de aliança com Ele).
O segundo critério – “A soberania de Javé e a utopia da liberdade” - revela, na reflexão teológica latino-americana, que o Reino de Deus é a outra chave de leitura e eixo do AT. Exclamações teológicas como “Deus Reina!”, “Javé é Rei!”, são o centro para a fé do povo de Deus no AT. Êxodo 15:18, por exemplo, representa a essência da ideia do Reino de Deus: “Javé reinará eterna e perpetuamente”. Esse critério trata da Universalidade do reinado de Javé, onde declara que Javé é Rei de um povo peculiar, a fim de que todos os povos venham a ser parte desse um povo; é o Rei de todo Universo, o mantenedor, o guardador fiel que garante a vida no mundo caído. E termina tecendo sobre O caráter utópico da soberania de Javé, que diz: sendo utópico, o reinado de Javé se nos apresenta como tarefa missionária, rearticulada e retomada por Jesus Cristo, e entregue à Igreja. Jesus promete, então, que já não será uma utopia (objeto de expectativa ansiosa – Lc 3:15), mas topia (objeto de alegria para todo o povo – Lc 2:9).
O Deus libertador optou (ou elegeu) por um seguimento populacional específico para que, através desse, outros povos pudessem se unir ao padrão Absoluto de Javé. A missão de um grupo social, que se tornara numa grande nação, libertado por Deus, é agora apresentar aos “hebreus” (escravizados pelo mundo) a proposta da liberdade. Deus não se tornaria um universalista (Universalismo – corrente teológica que acredita na salvação universal independente de Jesus, o Cristo), mas um Deus universal, ou seja, para todo o que crê. O homem é a única das criaturas dentre as que Deus criou que é consciente de si mesma. Deus fez o homem à sua imagem mental e moral. O Dr. Albertus Pieters diz: “isso compreende o poder autoconsciente de raciocinar, a capacidade da autodeterminação e o senso moral” (VAN HORN, 2000, p.25). Em outras palavras, ser uma criatura que pode dizer “Eu sou”, “eu devo”, “eu irei” – isso é o que significa ser feito à imagem de Deus. Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza (Observar os versículos: Tg 1:14; Dt 30:19; Jo 5:40; Mt 17:12; At.7:51; Tg 4:7). O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mutavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder (Gn 1:26, 2:16-17, 3:6; Ec 7:29; Cl 3: 10 - WESTMINSTER, 1999, IX. I, II).
Como conjugar soberania e liberdade? Ora, a soberania de Deus resgata a liberdade. Na visão calvinista, por exemplo, na situação “pós-queda”, só há uma esperança de reversão desse tenebroso quadro: uma intervenção externa e soberana que só Deus pode realizar, dando-lhe vida, tirando-lhe do estado de miséria espiritual e devolvendo com ela a liberdade (isso é topia). O Rei, todavia, ergue seu povo para proclamar essa liberdade e reinado eterno (Dn 7:14). É através desses hebreus que o Senhor vai resgatando, pois para chegar a Ele só há um caminho, e a igreja possui diversos caminhos – ou formas - para apontar o Único.

NA GRAÇA
LELLIS

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