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A comunidade de João, os judeus e a relação entre luz e trevas.

A comunidade de João (90-100 d.C.) estava em luta contra a maioria judaica, mormente os líderes da sinagoga. Os seguidores de Jesus viam a Jesus a partir de si mesmos. Para tal visão, era necessário que se sustentasse uma força capaz de "brigar" com a teologia contrária. Segundo Elaine Pagels, o estudioso do N.T., Martyn, conseguiu observar que a comunidade de João sentia-se perseguida e odiada como minoria do povo de Deus. Martyn ainda sugere que a crise na comunidade de João veio quando Gamaliel II (80-115 d.C.) introduziu a chamada birkat ha-minim ("bênção dos hereges"). Nesta nova parte na liturgia de adoração, invocava-se a maldição para todos "hereges", incluindo os nazarenos (como os cristãos eram chamados). Já o historiador R. Kimelman discorda por achar que a bênção dos hereges só foi introduzida na sinagoga muito tempo depois.
 
Mediante tais enforços na pesquisa neotestamentária, não há como desligar o fato de que havia uma luta travada entre judeus e cristãos. O Messias veio para os seus e como os seus não o receberam, agora a oportunidade seria dada aos gentios. Aqueles que aceitassem viveriam na luz, caso contrário, estariam em densas trevas. 
 
Assim ficou divido: luz e trevas. 
 
R. Bultmann não concordará que o Evangelho está tratando de uma etnia quando fala dos que estão em trevas, mas é uma simbologia teológica. "Quem está em trevas" é um caso amplo. Se judeu ou não, todos são pecadores.

Embora os embaraços teológicos tenham percorrido vários séculos, sabemos que essa separação se dá ainda hoje. E infelizmente a birkat ha-minim anda em alta. A divisão que se faz entre os que creem dos que não creem, bem como a relação e sentimentos geram inquietação no coração de quem tenta organizar sua práxis de vida de acordo com a regra de ouro do Evangelho: fazer ao outro o que quer que seja feito consigo. 

A comunidade cristã se vê obrigada a enxergar o mundo cheio de trevas e demônios voando para todo o lado. Cristãos se sentem minoria, porém, do lado certo. Entretanto, a luz é forte e ganha, na maioria das vezes, pela força. Luz contra trevas.

Eu, luz. Eles, trevas. Sempre. Porque parece haver gosto em ver treva pra tudo quanto é lado. Até porque, luz só faz sentido se as trevas estiverem por aí. E concluo, sempre haverá gente promovendo as trevas para que se possa declarar-se luz para todos os povos.

NA GRAÇA
LELLIS

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