Seria o ser verdadeiro preso no corpo pecaminoso? Um fantasminha que habita uma tenda física na Terra? Uma fumaça branca que encontrou oportunidade de sentir o tato através da carne? O sopro individualizado de Deus no pó da terra?
O Eclesiastes 12:7 diz que na morte o corpo volta à terra e o vento (ha'ruah) para Deus. Não se trata de uma discussão ditocotomista ou tricotomista. Percebamos que o Antigo Testamento trabalha com a ideia de que o físico pertence à terra e o vento, o fôlego outrora dado por Deus, o invisível, retorna.
Já no Novo Testamento, o corpo não fica na terra e o vento não sobe sozinho, porque na Teologia Paulina o corpo será ressuscitado. Sim, são duas visões. Uma, do judaísmo; a outra, do cristianismo (pós-Cristo). Não se contradizem, são perspectivas diferentes. No âmbito da revelação, nenhuma escapa às influências de outros povos. E ambas influenciam a outros.
Bem, levando em consideração que a consciência é plenamente clara no corpo, e que o corpo é altamente importante na teologia paulina, bem como na dos evangelistas e dos políticos canônicos (porque só entraram os evangelhos onde a ressurreição fizesse parte), a Igreja deveria investir mais no pensamento integral e integrador do ser humano.
Não deveria concluir a vida de alguém fora do corpo, porque, afinal, tudo, a partir de sempre, está envolvido no corpo... e ninguém sabia.
Se o corpo ressuscita, é, portanto, nos sentidos que a Igreja deve focar. Trabalhar na carência, na deficiência, no trato, no abraço, na solidariedade.
Se o vento é aquele fôlego de Deus, por que não soprar na vida de alguém? Mas que esse sopro seja um sopro físico, de estender a mão, de dar o pão, de socorrer. O Evangelho é pregado para a salvação das desgraças, para dar identidade e dignidade ao ser humano. Agora, a eternidade é coisa para Deus resolver, não é responsabilidade da igreja decidir quem vai e quem não vai. O assunto da igreja é cuidar das pessoas. Não é assistencialismo, é a causa de Deus: o ser humano. A causa da Igreja, portanto, é a causa de Deus.
A Igreja deveria se importar com o corpo. Pois cada ser posiciona seu corpo como o próprio ser e o ser é aquilo que está ali, mesmo que dentro, o vemos fora.
E quanto à alma? A de Platão? Ah, sim... ele ajudou a fazer essa bagunça na teologia, na soteriologia, na psicologia e em tantas outras logias.
NA GRAÇA
LELLIS
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