"O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã" (Sl 30:5)
Nossa boca é carregada de promessas bíblicas. Diga-se de passagem, essas promessas são "declaradas" sempre ao outro, porque para nós, já não cabem tanto quanto para aquele que se nos apresenta com suas crises e barreiras existenciais.
As promessas favorecem mais aos outros. Por isso, não deixamos de dizê-las como que Deus as dissesse.
Tenho lidado com tanta gente sofrida, em depressão, que acabou de perder parentes queridos... Não tenho coragem de dizer que a manhã trará sorriso ao seu rosto, porque já longas semanas que a "promessa não funciona".
Alguém poderia processar-me, já pensou?
- Mas, Nelson, você disse que após esta noite de lágrimas, o riso apareceria.
Alguns maldosos responderiam:
- Mas o problema não está na promessa, e sim, na sua fé.
Isso é um problema da fé?, da hermenêutica?, da troca história anacrônica?
Alguns ainda alfinetariam: "Por que desafiar a Bíblia?"
Não é desafiá-la, é pô-la diante dos fatos e entender que a NOSSA visão sobre a mesma deve ser revista. E de que forma?
É simplesmente parar de prometer as promessas divinas como se fossem nossas, porque Deus não tem compromisso algum com as promessas dele em nossos lábios. Em nossos lábios podem ser frustradas, porque não temos o favor do tempo, não temos a sorte das circunstâncias, não temos os ventos em nosso auxílio.
Qual a nossa função diante das "promessas divinas"? Descrê-las como um método divino de agir. Por inúmeras vezes colocamos Deus na caixa por acharmos que agirá conforme as promessas. Percebe que as promessas não são nossas, que não podemos lançá-las pra lá ou pra cá?
Até quando leremos as promessas nos dias atuais como se fossem um GPS do Senhor?
Não duvido de que Deus aja. Não sou um deísta. Faço minhas orações. Minha crítica aos que leem a Bíblia relaxadamente é que acham que Deus traça seus planos conforme se lê nas histórias registradas.
Ele é livre como o vento, sopra onde quer. Ele cumpre suas "promessas" não como alguém que obedece o crente que cobra: "Ó, Senhor, tu dissestes, hein!, Vê se não vai falhar!" Não é assim que funciona o processo. Na verdade, se soubesse, estaria colocando Deus no baú e trancando-o por lá, guardando a chave e tirando as esperanças de quem quisesse saber dela. Eu teria Deus nas mãos. Mas não sei como Deus age. Graças a Deus!
Continuo crendo que meus pensamentos são miúdos sobre o que não vejo. E se não vejo a manhã do amanhã, como posso afirmar que a alegria virá? Profetizando? Declarando? Experienciando esperança? Crendo na profecia daquele tempo?
A única certeza que posso ter é de que Deus pode mudar minha manhã. Caso não mude, o choro estará por lá, mas graças a Deus, porque a manhã existirá. Existirá pra eu experienciar os sentidos desta dura vida.
Mas Deus estará lá... seja na manhã alegre, seja na manhã chorosa. Promessa!
NA GRAÇA
LELLIS
Um comentário
Eu estava refletindo isso outro dia.
Quando é a tal da "manhã"? Por que a manhã não é literalmente de manhã?
Porque tem vezes que eu acho que Deus não me ouviu direito, ou até que Ele (é pecado dizer isso?) me enganou. "Por que, Deus? Porque tá lá que seria assim e não está sendo?"
Mas nessas horas, esperar é caminhar, como diria o Palavrantiga.
Eu não posso fazer nada mesmo, rs.
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