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Crer e Ferir X Descrer e Viver / Crer e Viver X Descrer e Ferir


O que me faria crer?

No que podemos chamar de início da fé cristã, Estêvão levou às últimas consequências seus ideais, sua prédica. Foi apedrejado até a morte. Paulo, que consentia toda a execução, segurando a túnica do discípulo cristão, veio a ser convertido na estrada de Damasco. Por conta de sua extremada dedicação ao Evangelho, fora decapitado em Roma sob o poder do Imperador Nero. Pedro terminou sua jornada crucificado de cabeça para baixo, e tantos outros se deram pela causa do Evangelho.

Crer é assumir riscos.

Essa tortura não acontece(u) somente sobre o cristianismo, pois há muito, se faz presente na história como protagonista de guerras e intolerância aos diferentes pensamentos e crenças. Tanto o catolicismo como o protestantismo estiveram envolvidos em vilipêndios, julgamentos, mortes de milhares de seres humanos. Não há uma religião sequer que possa erguer sua bandeira e não ver ali sangue que a altivez fez verter.

É também por isso que muitos pensadores decidiram não assumir riscos de crer (no Deus pregado pelo cristianismo). Principalmente porque a igreja medieval, com suas propostas tão distintas, desnorteou a fé de muitos com seus “absolutos” sanguinários. Aquele que não cresse, teria sua vida torturada e/ou ceifada. Com essa imagem divulgada sobre Deus - um ameaçador -, não resta dúvida de que o grito da Modernidade teve o interesse de atingir os primórdios de uma má fé: “Não, não queremos isso”. Assim, o homem passou a interferir no mundo. Graças a Deus! Se antes Deus expulsara o homem do Éden, agora, o homem expulsa Deus de seu jardim, de seu mundo, de seu espaço.

Crer ainda continua sendo um risco.

Um risco para si.

Mas é como disse Chesterton: o problema do ateu é que ele passa a acreditar em qualquer outra coisa. Seja fé na ciência, na matemática, em si mesmo. Continua sendo um risco?

Crer sempre será um risco para si. O problema se dá quando essa crença gera perigo para o outro. Que tipo de violência se imprime sobre o outro por causa da crença? Quais as feridas são abertas? O que seria ideal? Retirar deus do jogo? Sim, o deus que se tornou ídolo, que se tornou (desde as primitivas noções de necessidade) pura projeção de si para satisfazer os desejos mais sórdidos de uma teocracia sanguinária e pungente. Fora esse deus! E que paremos de tentar entender Deus, falar em nome de Deus como se o próprio designasse a vida e a morte através de um só.

Desejo crer para fazer o outro viver. É frase de efeito, sei, mas sempre que necessário, não terei mais crise em descrer para que o outro prossiga para seu alvo. Porque eu bem sei: eu como Deus, sou um péssimo apaziguador.

NA GRAÇA
LELLIS

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