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Leitura ecológica: um desafio!


COPEIRO DO REI escreve...

A intenção do autor, a intenção do leitor e a intenção da obra devem ser consideradas, pois ao olharmos para as Escrituras, notamos que seu corpo abrange todos os assuntos necessários para a humanidade. Haroldo Reimer explicita alguns pressupostos teóricos sobre o tema. O primeiro fala que os textos bíblicos, enquanto textos religiosos, carregam em si a intencionalidade do testemunho enquanto modalidade doutrinal. Ou seja, YHWH é Deus sobre todos os deuses, tendo como objetivo afirmar o credo monoteísta. Além deste testemunho doutrinal, há também a memória histórica, como expressão da encarnação do divino na história. O segundo pressuposto fala da estética da recepção e com o lugar existencial e histórico dos leitores e intérpretes dos textos bíblicos.

A ênfase da hermenêutica em uma leitura latino-americana se dá dentro dessa circularidade: o contexto do sujeito incide sobre discurso interpretante. Diante da hermenêutica ecológica, traçada por Reimer, a leitura das Escrituras levam o homem a tratar de uma maneira organizada, sistemática e corrente de poder relacionar-se consigo mesmo e com tudo o que está à sua volta. Este relacionamento auxilia, na verdade, ao combate do antropocentrismo, pois o ser humano não está no centro dos acontecimentos globais, nem é o senhor da natureza.

A reflexão ecológica, depois de fundada como ciência, em l866, pelo biólogo alemão Ernst Haeckel (http://www.triplov.com/boff/divida_ecologica.html), ganhou vários aprofundamentos. Enfatizam-se atualmente quatro correntes da ecologia. Assim, teço sobre as mesmas como base para o estudo:

Ecologia ambiental (má qualidade de vida): Se preocupa com a preservação do equilíbrio dinâmico dos ambientes vitais, das espécies, com a regeneração de ecossistemas degradados e com a conservação de espécies em extinção. Não se teve cuidado com as terras, devastadas e erodidas, com as florestas abatidas, com as águas potáveis contaminadas, com os solos envenenados e com a atmosfera irrespirável em muitas partes das cidades. Multidões são obrigadas a morar em favelas de encosta, sem serviços básicos. A ausência de uma reforma agrária que, de direito, permitiria milhões de pessoas viverem e trabalharem no campo, representa um crime ecológico e uma dívida secular para com os sem-terra e sem-teto.

Ecologia social (desenvolvimento insustentável): Tece sobre os seguintes questionamentos: Como são organizadas as relações entre as pessoas e suas instituições? Como são os serviços públicos? O sistema de saúde, de educação e de comunicação? Como a sociedade organiza a sua relação com a natureza? É de forma irresponsável e exploradora, ou respeitosa? Como são distribuídos os benefícios do trabalho e o acesso aos recursos naturais? Muitos administradores embelezam as cidades com praças, monumentos e parques, mas mantêm um péssimo sistema de segurança, abandonam os hospitais, descuidam do ensino de qualidade e não montam uma estrutura adequada de água e esgoto para a cidade. É um crime contra a ecologia social.

Ecologia mental (crítica ao antropocentrismo): O maior pecado da ecologia mental é o antropocentrismo. Por antropocentrismo entendemos aquela atitude que coloca o ser humano no centro de tudo e imagina que todas as coisas e o próprio universo só têm razão de ser na medida em que se ordenam ao ser humano, tido como rei ou rainha da criação. Este pode dispor de todas as coisas a seu bel-prazer. Ora, o ser humano somente entrou na cena da história quando 98% da história do universo e da Terra já estavam concluídos. Ele não assistiu ao nascimento do universo. A imensa biodiversidade não dependeu do ser humano, que forma, como espécie homo – junto com outras espécies vivas –, uma grande comunidade planetária. Para viver, depende de uma rede de relações com os elementos da natureza, sem os quais não existiria nem se desenvolveria.

Ecologia integral (somos parte de um Todo maior): Esta vertente prolonga a ecologia mental. Nem o ser humano nem a Terra são o centro. Esta ecologia integral procura integrar tudo, re-ligar todas as coisas com sua Fonte divina, viver a re-ligião como força re-ligadora das criaturas com o Criador, do eu consciente com o eu profundo, da pessoa com a natureza e da natureza com o restante do universo. O ser humano sente-se, não como o centro de tudo, mas como aquele ponto onde o próprio universo se sente, se pensa, se ama e se abre ao louvor do Criador de todas as coisas, com aquele Amor que move o céu, todas as estrelas e os nossos corações.

A leitura ecológica, portanto, é fundamental para a compreensão de que o homem é um zelador desta imensa casa (Terra) e que precisa, urgentemente, analisar as Escrituras dando atenção devida para a santidade do cristão diante do mundo em que vive. Afinal, a própria Bíblia declara que a natureza anseia por sua regeneração.

NA GRAÇA, QUE ME FAZ RECONHECER QUE SOU ZELADOR
LELLIS

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