Geral

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Cético sim; Pagão não


(Leia Atos 8:4-25 para acompanhar a mensagem abaixo... não deixe de ler)

Passo por um período crítico de ceticismo. Creio em Jesus e no Evangelho e que o tempo não é capaz de diminuir seu trabalho. Contudo, tenho vivido um período de descrença. Onde? Nas tantas obras que ouço por aí sobre milagres de cura, sobretudo, e outras grandes coisas.

Tenho sido um cristão de Habacuque 3:17-19 e não Habacuque 3:2. Confesso que Jesus é o foco e não seus milagres, mas não posso esconder que sinto falta, às vezes, de ver grandes coisas em minha frente. E seria muito óbvio e poético se quisesse dizer do milagre da vida, da natureza e etc; mas diante do texto histórico do livro de Atos, questiono, não a Deus, e sim, a mim mesmo. Porém, eu seria pagão se, todavia, não cresse que Deus faz milagres ainda hoje, mas sou cético porque não creio em mim como canal de grandes obras. Passo por um tempo onde não acredito em mim. Daí, caio em uma contradição porque se creio em Deus preciso crer em mim como certo instrumento.

Talvez um dos pontos que levou-me a desacreditar tanto do que tem ocorrido seja a banalização com que se tem tratado o poder de Deus. Há um desequilíbrio forte. Tudo aquilo que é enfatizado fora de um equilíbrio passa a ser melindroso. Note: enquando Maria é exaltada na igreja católica, na protestante, ela é vista muitas vezes como uma vilã nas Escrituras, ou seja, a visão muda com o desequilíbrio. E enquanto Paulo parece ser exaltado no arraial protestante, os católicos aproveitam para dizer que quem assim o faz é idólatra.

O que está acontecendo? Deus ainda usa homens? Deus ainda faz milagres? Muitos vão questionar dizendo que o livro de Atos é histórico e por isso, nem tudo o que ocorreu por lá deve ocorrer no curso do tempo. Concordo. Mas se continuarmos crendo que tudo no livro de Atos é histórico, nossa história de vida ficará pela história do tempo tão-somente para constar que existimos. Nosso desejo precisa ser de fazer história num mundo onde a verdadeira história é feita de quedas, fracassos, paganismo (...). Analisemos, pois, o texto:

Vs. 4-8 → ANÚNCIO DA CENTRALIDADE DE CRISTO:
Se quisermos ter uma vida de poder precisamos crer que Jesus sempre será o centro. Filipe não anuncia o milagre, mas a Cristo. É através do anúncio, da propaganda, da proclamação de Cristo que grandes coisas acontecem.
Hoje em dia, muitos anunciam o contrário e por isso, ficam presos na religião por causa do “milagre”, da transformação meramente exterior. Quando tudo isso acaba e a mágica termina, os que foram fisgados tão-somente pelo anúncio do milagre vão embora, mas os que ouviram sobre a centralidade em Cristo, permanecerão. E talvez seja esse um dos motivos porque Jesus curava e pedia para que não divulgasse a “cura”.
Além dos milagres que o texto cita, ainda tem um que está no verso 5: a mensagem sendo pregada em Samaria. Ora, os samaritanos não se davam com os judeus, mas o anúncio de Cristo e o poder da Palavra no ministério de Filipe romperam a jurisdição espiritual, fazendo com que maravilhas ocorressem ali. O resultado é a alegria do povo. Essa alegria só Deus pode causar.

Vs. 9-13→ O PROBLEMA QUANDO O CENTRO É O MILAGRE E O CURANDEIRO:
Além de admiração, os samaritanos eram assombrados com a feitiçaria de Simão. O povo ouvia por medo e atendia por já encontrarem-se num estado de escravidão avançada a ponto de declararem que Simão era o “Grande Poder de Deus”. Naquela capital, homens importantes e homens humildes seguiam o mágico.
Quando o centro da mensagem é o milagre e o curandeiro, gera no povo: escravidão, vício, idolatria, medo (porque, na visão desses, Deus só é Deus quando faz algo, e não por ser quem É).
Quando Filipe anuncia a Boa Nova, o povo é liberto e batizado testemunhando que só a Palavra tem poder, que o “Grande Poder de Deus” é Jesus Cristo que ressuscitou dentre os mortos. Simão é colocado em xeque e seu ministério de mágicas tem seu fim. Ele se dobra ao Evangelho e também é batizado. Porém, ainda assim, as intenções de Simão parecem ser outras quando Pedro e João chegam a Samaria.

Vs. 14-25→ QUEM DEUS USA:
Na verdade, Deus usa quem quer, quando quer e como quiser. Ele usa o Faraó, a Babilônia, a Assíria, até mesmo o mal. Conquanto, nos moldes do texto lido e na cultura eclesiástica, Deus tem como seu Corpo vivo na terra aqueles que:
1º) POSSUEM O ESPÍRITO SANTO: O Espírito Santo não se compra, não se vende. Ele é o poder da Igreja na Igreja. Simão quis negociar o poder de Deus, mas tudo que vem do Alto é graça, não tem preço.
2º) SÃO HONESTOS COM DEUS: Quando lemos sobre a conversão de Simão, até aqui nos parecia genuína, mas estava ele com intuito de voltar a ser o que era com uma roupagem evangélica, com máscara de cristão, com um verniz de espiritualidade e com jargões apostólicos capazes de conceder aquilo que vinha do Alto e não de homens; ia para quem se convertesse e não para quem quisesse.
Muitos cometem erros absurdos na caminhada cristã realizando mágicas tremendas, recebendo o aplauso humano, mas sendo desonestos para com Deus. Diante do povo demonstra honra, mas diante de Deus é uma vergonha. Não é honesto com Deus e por isso sua vida é uma mentira diante do povo que mesmo que não reconheça o fato, Deus o sabe muito bem.
3º) ARREPENDEM-SE: A palavra arrependimento vem do grego matanoia que quer dizer mudança de mente. Uma vida com poder é uma vida mudada. Uma vida que experimenta a vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável é a vida cuja mente não se torce com os valores seculares e não se conforma com o mundanismo exacerbado que sutilmente vai se propagando nos corações. O arrependimento tem a ver com transformação de mente, com moldar-se em Cristo e em sua cruz. Existe uma cruz na medida para cada um, ou seja, existe um plano perfeito para todos em Cristo.
Não existe possibilidade de viver em poder se caminho com intenções outras que fariam Deus se entristecer e voltar-se contra mim mesmo e por amor do nome dEle. Deus molda o vaso, mas apenas o arrependimento pode dar ao Oleiro autorização para começar a obra. Quando Jeremias ouviu de Deus para descer à casa do oleiro ele teve a visão de um homem amassando o barro e o transformando em vasos úteis. O arrependimento amolece e facilita a obra, mas às vezes é necessário quebrar.
A continuação do texto é a via da existência do homem cujo ministério é cheio do Espírito Santo e do poder do Alto: enquanto João e Pedro voltam a Jerusalém pregando o Evangelho pelo caminho, Filipe, pelo caminho da obediência, ganha mais um para Jesus – a história do etíope. Se a vida não valer a pena seguindo a caminhada para morrer por aquilo que nos deu nova razão, então não há razão de sermos quem somos.

NA GRAÇA
LELLIS

2 comentários

Cleinton disse...

meu filho nelsinho.
o texto é bonito e mostra o quanto somos (e devemos mesmo ser, acho) passionais. imagino ser isso parte da essência humana.
acompanhei o pensamento, mas confesso que me perdi quando da tentativa de entender o conceito de "história" na primeira parte.
para entender, precisarei, pois, de ajuda sua.
sabe, acho que também sou um cético. e acho que também não sou pagão. todavia, acho que estou aprendendo a crer em meio ao meu próprio ceticismo, bem como a aproveitar algo em meio a tanto paganismo.
beijo carinhoso.

liberdade, beleza e Graça...
http://cleintongael.blogspot.com

Luciano disse...

Nossa um cético que conhece Jesus, será que não faltou algo para entrar na água e no Espírito. Sabemos que hoje existem muitas pessoas fazendo "milagres", mas a Bíblia fala que quando o paralítico foi curado, Paulo viu que ele tinha fé para ser curado, e num caso semelhante quando Pedro foi ao templo para orar e encontrou um paralítico com fé para ser curado, disse: "não tenho ouro e nem prata, mas o que tenho te dou, levanta-te e anda..."
O segredo não é apenas de quem ora, mas também de quem recebe a oração. Graça e Paz!

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