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As desgraças e a esperança da salvação

A história da "salvação" não é tão parecida com a forma que a igreja prega. Um judeu não crê na salvação como o cristão crê. Nem os primeiros cristãos acreditavam na salvação como os cristãos do II século, etc. A construção daquilo que se chama "soteriologia" é longa. O Jesus que conhecemos através dos Evangelhos é o Jesus interpretado pelas primeiras comunidades cristãs. A Bíblia toda já é interpretação de comunidades.

Mas a salvação é dada por títulos de desgraças. Diante da circunstância pesarosa, o povo aguarda a salvação daquela desgraça. Os Salmos estão cheios desse clamor. 

Os judeus do primeiro século aguardavam uma salvação, uma libertação. Ela se dava no campo político. Quase todas, aliás. É por isso que não entendem a "salvação" trazida por Jesus. 

A salvação das desgraças é um assunto de extrema necessidade nos dias atuais. E a Igreja tem sua responsabilidade. Precisamente, toda a humanidade carrega esta responsabilidade. 

É a percepção, a sensibilidade que se ausenta para que isso se torne realidade nas instâncias da vida.

Quem poderá nos salvar?

Quem poderá salvar?

Hoje? Num mundo secularizado? Todos podem estender a mão para auxiliar o próximo que se encontra na desgraça. Se observarmos, a "conversão" é mesmo assim: saímos da desgraça para entrarmos na graça que alguém ofereceu.

A salvação é para a vida. Para o gozo da vida. Para o compartilhamento da vida.

Portanto, há que se debruçar os esforços na construção de um mundo mais aberto à salvação. À salvação de famílias em estado lastimável, à salvação de crianças sem nenhuma perspectiva de vida, à salvação dos idosos esquecidos e desprovidos de segurança, à salvação de homens e mulheres com deficiências físicas, à salvação da própria igreja que se distancia por achar que está salva e ponto.

É por isso que tenho me deleitado com o pensador Edgar Morin. A questão não é caminharmos como um bando de gente salva, mas perdida. Todos perdidos. Todos se ajudando a encontrar a luz da salvação.

Alguém poderá questionar: "mas, e quanto a Jesus?"

Ora, Jesus tem muito a nos dizer e salvar. Não aquela salvação de que Agostinho dizia: "Jesus é a solução para qualquer problema". Sabemos que existem situações que não acabarão, infelizmente. E isso julgo no plano da razão.

O problema maior é quando nós criamos ensaios e peças sobre um Jesus que torna a escravizar e lançar nas desgraças.

Jesus salva e liberta sim. Mas o faz através de alguém.

Que a Igreja seja salva daquele Jesus de salvação e separação dos leprosos e atente para o Jesus que salva os outros e caminha com gente esquecida, independentemente se crerão ou não na salvação... mas estarão salvos de muitas desgraças.

NA GRAÇA
LELLIS

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