Ontem, tirei as bicicletas e fui passear com a família. Já era tarde da noite, mas por causa do calor, um número razoável de pessoas na praça da cidade. Minha filha preferiu uma brincadeira bem inovadora: subir e descer as escadas que levavam aos mastros das bandeiras (do Brasil, do Estado e do Município). Foram tantas vezes que fiquei zonzo. Daí, fomos para outro lugar, um chão separado para a brincadeira de “amarelinha”.
Minha esposa e eu não resistimos. As chaves de casa se transformaram na pedra que se lança sobre as casas (números). Nossa filha pulava ao lado. Pulamos até o céu. Mas chegando ao céu, uma dúvida: “posso pisar aqui com um só pé ou os dois?” Ao que minha esposa, com melhor memória que eu, respondeu: “Com os dois pés. No céu pode tudo”.
Fiquei com aquela frase na cabeça: “No céu pode tudo”. Dormi pensando nisso. Acordei vislumbrando isso.
Nas casas solitárias se pisa com um só pé. Quando se vai retirar a pedra, um pé apenas. Quanto equilíbrio! Quanto desequilíbrio! Não vou negar, para não cair, colocava os dois pés no chão. Era minha regra, eu o meu jogo. Ninguém estava ali para julgar. Rosy pisou na linha diversas vezes. Tive de esquecer a competição. Minha filha? Ih... pisou, pulou, foi pro céu, voltou pra casa, voltou pro céu. Era o nosso jogo. Um pé, dois pés.
Nosso jogo é assim: a gente quebra as regras para ver o sorriso do outro, a vitória do outro. É assim que funciona. No céu pode tudo, mas se levarmos muito à sério esta vida, que graça a vida tem, não é mesmo? O jogo não é esquemático, fechado, pode ser violado, pode ser re-interpretado. É por isso que a vida pode ser melhor jogada, melhor sentida, melhor nutrida, melhor socorrida. Sem isolar, sem excluir, sem hora. Só um pouco de alegria, um pouco de céu nas casas onde há a pedra, um pouco de céu aqui e acolá, pois afinal, no céu pode tudo.
Obrigado, meu amor, por levar-me de volta ao jogo.
NA GRAÇA
LELLIS
2 comentários
Ahh que lindo!Essa declaração no fim então...
Diversão em família ao ar livre num dia de calor,que delícia.
Não tive como não imaginar vc e a Rosy pulando amarelinha;ahahaha
Abraço nessa família abençoada
É, Nelsinho, até que enfim optou por postagens mais "simples".
Amei a simplicidade dessa em especial. Imagino um dia como esse.
Nessas coisas tão "simples", a gente nota tanto detalhe...
Até mais, te vejo depois de suas trocentas viagens nesse mês.
E lembre-se: meu aniversário é no dia 24 DESSE MÊS! haha
Até! Abraço pra todo mundo!
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